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1.11.12

Pra me encher de você.


Moço, resolvi manter alguns pensamentos danificados devido aos últimos acontecimentos. Estão um pouco arranhados, alguns estão faltando peças e outros precisam apenas serem polidos para melhorarem um pouco a aparência, mas eu garanto. Eles funcionam. 

O meu cérebro ainda cria momentos, ainda traz imagens de um passado não tão distante, mas o presente vem fazendo o seu caminho e com certa persistência, varrendo toda a sujeira para fora de casa. O que é bom, pois debaixo do tapete já não é um bom lugar para se esconder nada.

A ideia é se livrar de tudo e não deixar rastros. Assim mesmo, como um lixo acumulado ou como um assassinato meticulosamente planejado onde não podemos, de maneira alguma, deixar pistas que nos levem a julgamento.

Porém, o que os nossos olhos evitam, o coração sabe. É ele a vítima, é ele que quer justiça. Quer vingança de uma forma ou de outra, seja ela pela maneira mais simples ou pela mais difícil. Maneiras essas, que nunca sabemos ao certo quais são e nem se valem a pena. Mas para o coração, eu não falo de amor. Ele anda tão frágil que não quer saber do assunto. Ele nem sabe que o amor é como água transparente e cristalina onde todo mundo quer dar um mergulho ou dar um gole. Porém, se tomada em excesso pode fazer mal um bocado à saúde.

Diálogos quebrados são criados pelos pensamentos danificados. O que era para ser certo, nunca esteve tão destruído. Cheio de ferrugem por causa dos dias de tempestades onde repetimos constantemente as mesmas palavras. Dias longos, cansativos, largados, esquecidos e relembrados. 

Moço, quanta saudade cabe em uma vida? Quantas lembranças a gente pode carregar? Existe um número certo ou tudo isso é ilimitado? Seria bom ter uma ideia do que é que a gente carrega com tanto desespero. Desespero que machuca, viu? Parecem vidros que podem cortar quando erguemos para olhar melhor na luz do sol que nos cega. Acho que são os pensamentos, moço. Mesmo quebrados, ainda brilham. Cheios de cores bonitas feito o arco-íris depois de uma chuva de verão. Eles nos enganam, deve ser por isso que dói tanto mantê-los.

Recebo visitas da melancolia as vezes, moço. Sempre tão presente, nunca perde a oportunidade de me trazer algumas angústias. Me deixa sempre com alguns erros estampados em meu rosto, mas eu não reclamo não. Isso faz de mim tão humana, tão cheia de sentir... Sempre com a ideia de que muita gente se vai, mas a gente sempre fica. Sempre fica com algo.

Os pensamentos quebrados cheios de defeitos, lembra? Talvez eu nunca chegue a consertá-los, mas o apego é sempre tão teimoso, moço. Essa teimosia dele é um grande problema, pois fazer a limpeza e me livrar do que não me serve mais anda complicado somente por causa dele. Enquanto o apego me atrapalha, o desapego não quer nem me dar uma forcinha. E ele é tão forte, mas tão sossegado na sua vida marota...

Moço, se você chegar, não se assuste com a bagunça. Não sou uma acumuladora compulsiva, mas faço o possível para me livrar do que não me é mais saudável. Você tem a chave, mas não posso garantir que eu esteja em casa quando você chegar. Talvez eu esteja por aí, ocupada com alguma coisa que me faça esquecer, mas eu prometo que volto. 

Eu volto pra me encher de você. 


3 comentários:

  1. Olá!
    Nossa, ótimo texto. Se fosse um tweet, estaria favoritado e retwittado :)
    Descobri seu blog há uns dias, e gostei muito! Vi no seu Twitter - sigo e adoro as coisas que você posta lá - que sua internet tá funcionando, então espero que sempre tenha textos novos por aqui *--*
    Beijos!

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    1. Hey, muito obrigada. *-*
      Fico contente em saber que o que eu escrevo agrada algumas pessoas, apesar da maioria das vezes só sair besteiras no twitter. Hahaha.
      Agradeço a visita, menina Pam e fique sempre a vontade para voltar quando quiser. É bem vinda. ^^

      Sempre que eu puder estarei atualizando e divulgando. Beijos, linda.

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  2. Gostei muito. As palavras parecem que saíram de mim...

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